Não sou amante da praia, ainda que goste do mar, aquelas longas horas silenciosas, que passamos seminus, voltados todos para o mesmo lado, de olhos fechados ou olhando um horizonte longínquo, suados, picados de areia, torcendo os corpos, para encontrar uma posição com um mínimo de conforto, ora deitados, ora sentados ou, poucas vezes, deambulando sem objectivo perceptível, faz-me questionar sempre que sentido faz tudo aquilo.
Mas seja lá por que razão for, a praia parece fascinar muita gente e quando sou “forçado” a acompanhar os meus, nunca deixo de me vingar do facto, comentando para quem me acompanha:
- Olha em volta e diz-me se toda esta gente, esfarrapada, de ar triste (porque na praia a maioria tem sempre um ar sisudo e triste), sentados ou deitados lado a lado, sem trocar uma palavra, não se parece mais com um grupo de refugiados, sem abrigo, num campo de concentração, do que o de alegres veraneantes ?
Se isto é uma “private joke” que repito sempre que me encontro nessa situação, ao ver ontem as imagens da polícia de intervenção, em Carcavelos, armada de metralhadoras e calçados de pesadas botas guardando os banhistas, pareceu-me que a minha “anedota” se começa a transformar numa imagem assustadoramente real.
2005-06-12
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1 comentário:
Compreendo-o perfeitamente!
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