Foi um homem notável, mesmo admirável, contudo não encontro os adjectivos necessários para explicitar a razão de o considerar assim.
A Coerência que se lhe atribui muitas vezes, ainda que seja uma virtude rara, muito rara hoje em dia, não é necessariamente boa: Hitler também foi coerente e, muitas vezes essa mesma coerência pode diluir-se legitimamente na teimosia ou caturrice.
A Inteligência que nele era notória é o produto de um mero acaso genético, por si não dignifica o homem.
Há também a verticalidade, que tinha decerto, mas que traduz uma noção de contornos vagos.
Enquanto procurava as palavras adequadas para dizer aqui porque admiro Álvaro Cunhal, ouvi alguém, creio que Rosa Lobato Faria, lembrar palavras de Sá de Miranda que na sua linguagem poética dizem muito mais do uma estrita análise semântica sugere.
Creio que ela as dedicou a Eugénio de Andrade mas, para mim, vão direitinhas para Álvaro Cunhal.
Homem de um só parecer,
Dum só rosto, uma só fé,
Dantes quebrar que torcer,
Ele tudo pode ser,
Mas de corte homem não é.
2005-06-16
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