2009-07-26

Reflexão sobre a volta à França

Para o ciclismo a Volta a França é hoje a “grande prova”, a prova das provas, capaz de fabricar “heróis”.
Hoje acompanhei, pela TV, um pouco dessa prova.
Os comentadores, como a transmissão, não é nada mais do que ver bastantes homens sobre bicicletas, têm a missão de nos dar conteúdo, dar-nos contexto, explicar quem é este ou aquele corredor e o drama que vive e também transmitir dados constantes sobre a importância e a seriedade da prova, valorizando aquilo que vemos.
Hoje a conversa incidiu sobre as medidas anti “doping”.
A organização é quase perfeita na detecção do “doping”, ao contrário, claro, de Portugal, embora às vezes também não seja assim: Marco Chagas (antigo ciclista e actual comentador) referiu-nos que em Portugal foi controlado em qualquer evento de veteranos, apesar de já ter 52 anos. As coisas estão a melhorar.
Depois falaram de qualquer peça da bicicleta a que chamaram extensores e que Marco Chagas lamentava não ter tido no seu tempo, embora alguns já a tivessem.

Eu, imaginando-me técnico de ciclismo e querendo que a minha equipa ganhe.
Só pensaria em duas coisas:
Ou o ciclista tem de correr mais, ter mais força muscular e cansar-se menos e isso consegue-se com os chamados bons ciclistas mas também com treino e com produtos químicos que ajudam a isso, alguns chamados “doping”, ou também, a bicicleta tem que andar mais por cada pedalada e também há produtos que ajudam a isso, talvez chamados extensores e quejandos.
São estas descobertas tecnológicas ou biológicas que fazem a humanidade avançar e dominar os problemas que se lhe colocam.

Os problemas que surgem é que a prova deixa de ter a ver com o ciclismo mas com o desenvolvimento tecnológico e com a eficácia de controlo.

Alguns ganharam provas apenas porque o seu método de “doping” ainda não era conhecido pelo controlo ou, de qualquer forma, conseguiram ultrapassar esse controlo.

Por isso eu penso que se queremos avaliar capacidade de homens, através do desporto, devemos seguir o exemplo da Grécia antiga e afastar toda a tecnologia.
Todos deveriam concorrer nus e descalços e mesmo assim não conseguiríam eliminar o “doping” de uma alimentação mais correcta para aquele fim.

Se queremos verificar o melhor em termos espectaculares, como é o caso de hoje, onde em causa estão homens mas também clubes e países e culturas, melhor seria deixar os homens e a sua cultura desenvolverem os “dopings” e a tecnologia que acham mais influente para a vitória.

O controlo “anti-doping” que quase todos acham fundamental, para mim, está a matar o desporto espectacular e a impedir o desenvolvimento científico.

1 comentário:

Pianoman disse...

brilhante raciocínio.
Também vi a etapa e os comentários a que se refere e nunca tinha pensado na "coisa" nesses termos.
Interessante...