Enquanto eu terminava a minha refeição, com o meu “cocktail” favorito de nicotina, cafeína e álcool, em metade da mesa (a outra metade era minha) a minha mulher e a minha sogra preparavam croquetes.
Croquetes, palavra estranha, que nos remete para o francês, indiciando que não será uma velha tradição gastronómica portuguesa, contudo, à pequena dimensão da minha vida de 60 anos, é uma palavra comum, bem conhecida, que ouço já desde a minha infância.
A minha mulher começou, inovando, fazendo pequenas bolas de carne, porque lhe dava mais jeito. Protestei: “isso não são croquetes, serão “uma espécie de almôndegas”, disse eu, pensando se almôndega seria o termo correcto, (almôndega, palavra, começada com “al” supostamente importada do árabe, há muitos mais anos do que o croquete).
E há tantas maneiras variadas e excelentes de fazer almôndegas, “meat balls” como lhe chamam os ingleses, mais “terra à terra”, que me questionei sobre a importância da forma sobre o valor do produto.
Será que uns croquetes esféricos me saberão diferente dos tradicionais rolinhos “toros”?
A especulação entrou por aí, a minha sogra, mais tradicionalista, apoiou-me, “croquetes são rolinhos!”.
E eu pensei “será?”.
Fiz um propósito: quando a função terminar vou fazer uma prova “cega” (o croquete é um produto muito civilizado, recorre à reciclagem de uma matéria prima, elaborada, mudada de forma, passada em farinha (e que farinha?), ovo e pão ralado e finalmente frita e em cada uma destas passagens quantas questões se colocam, quantos recipientes se utilizam, quantas manipulações intermédias, quantos factores determinam o que será um bom ou mau croquete).
Depois lembrei-me ainda: talvez que os sensores tácteis da minha boca, consigam distinguir a forma original e associar essa informação às minhas papilas gustativas que eu queria aí como únicos juízes.
Desisti da ideia e conclui com o que já sabia:
O mundo é muitíssimo complexo! Vou limitar-me a dizer, quando os comer: “ estavam bons! ou, estavam assim-assim ou uma “merda”! mas disto que Deus me livre.
2009-06-28
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1 comentário:
O "Deus me livre" é para a sua mulher ou para a supervisora, sua sogra?
Eheheheh.
António
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