2009-06-05

Mistérios da língua

A designação desta nova área de actividade, que consiste em incorporar nos bens utilitários não só a funcionalidade mas também a estética, até tinha uma palavra em português, bem antiga e bonita, que é a palavra “risco”, no sentido em que se pode dizer que isto ou aquilo tem bom ou mau risco.
Mas a palavra está um pouco esquecida e em desuso e por isso temos recorrido, como em muitos outros casos, ao termo inglês “design”.
O problema surge quando adaptamos esta palavra para o português em Portugal, onde quase toda a gente a pronuncia, como se fosse “desaine” com “e” aberto, enquanto em inglês se pronuncia como se fosse “disaine”, com “i” inicial, portanto, aportuguesámos a palavra mas de maneira estranha.
Poderíamos dizer como se leria à portuguesa “designe” mas poderia confundir-se com o presente do conjuntivo do verbo designar.
Resultado, lê-se metade à portuguesa “de” e outra metade à inglesa, o “sign”.
Como o povo é que é dono da língua não tenho outro remédio senão aceitar mas intriga-me como na palavra “media” se dá exactamente o fenómeno oposto.
Sendo uma palavra não inglesa mas latina: media, plural de medium, deveria ser pronunciada como é lida com o e aberto mas aí imitam-se os de língua inglesa e o i que falta no “design”, coloca-se no “media” dizendo “mídia”.
As ilhas Malucas, que são assim chamadas em árabe, que as nomearam e em indonésio, onde se situam e em português também, são escritas Molucas, em Inglês para que um Inglês aproxime a leitura do termo original Malucas mas os portugueses preferem rejeitar o seu próprio nome e ler o inglês como “Mulucas”.
Eu acho bem que se vão buscar termos ao inglês quando a nossa língua não os tem mas haja um critério minimamente coerente na sua conversão ou então deixem-nas como são ditas no original.

1 comentário:

Fábio disse...

Concordo e subescrevo, pois o problema neste caso deve-se ás várias culturas que cada vez mais vêm a inserir-se na nossa cultura, fazendo com que esta se vá perdendo, sendo também no caso das pronuncias. Se agora é assim nem quero saber como será daqui a 50 anos... resta saber se ainda estarei cá para o comprovar.

cumprimentos,
Fábio Rosa