2008-06-23

A viagem

Eu adoro as tecnologias modernas, elas, enfim..., toleram-me. É um pouco como algumas mulheres jovens e bonitas que casam com velhos endinheirados: eles enchem-nas de mimos e atenções, elas são-lhes agradáveis mas não perdem uma ou outra ocasião para lhes ir fazendo sentir que já não têm pedalada para elas e o que lhes interessa mesmo é simplesmente o seu dinheiro e a vida que ele proporciona, são casamentos de interesse, assim é o meu com as NTI.
Nesta viagem fui guiado por GPS e cumpri fielmente as suas indicações mesmo as que me pareciam absurdas, isto até um certo ponto, é claro.
Depois de muitos saltos em Espanha, de autovia para autovia de autovia para autopista e de autopista para autopista e para autovia, sem nunca perceber bem onde estava, foi com satisfação que vi pela primeira vez uma placa que dizia “Francia”, pois foi precisamente aí que o meu GPS me mandou mudar de rumo.
Pensei para comigo “devem haver outras fronteiras para França, talvez o GPS saiba melhor” e obedeci.
Depois de mais autovias e autopistas, vi, de novo, o sinal prometedor “Francia” e, também de novo o GPS me mandou mudar de rumo. Voltei a fazê-lo e tudo se repetiu ainda outra vez até que a comecei a ter, com nitidez, a estranha sensação de “déjà vu”. Foi só depois de pela quarta vez ver a placa que dizia “Francia”, e ver a mesma torre de igreja à direita e tudo o resto igual que percebi finalmente. “o GPS estava a gozar comigo !” estava a manter-me num círculo infernal.
Desobedeci finalmente e segui o letreiro da estrada e é só graças a isso que estou hoje aqui a contar a história, se tivesse sido fiel até ao fim ainda agora estaria às voltas de autovia para autovia.

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