É comum ouvir-se as pessoas referirem-se ao dinheiro do tesouro nacional como o nosso dinheiro.
É falso.
Eu não tenho capacidade para aplicar um cêntimo desse dinheiro em qualquer coisa de útil, não é meu.
Não o confiei ao Estado, livremente para que ele o gerisse por mim, como quem estabelece um contrato do tipo, “eu pago-te isto e tu tapas os buracos que se vão abrindo na minha rua”, não há qualquer contrato ou compromisso associado, não tenho nada a ver com esse dinheiro, foi-me tirado há força no montante e no momento que me impuseram.
Qualquer argumentação que envolva ideias como a de um contrato socialmente implícito, não colhe, não existe qualquer liberdade contratual, não posso nem sequer não aderir, ninguém perguntou a minha opinião nem se eu queria.
A legitimidade do imposto não reside no direito mas na força e é por isso mesmo que se chama “imposto”.
Para quê manter então essa falsa ilusão de que é o nosso dinheiro que está ali a ser (mal) gerido. Uns pensam ingenuamente que com essa chamada de atenção, essa lembrança de que esse dinheiro já foi nosso um dia, comova o governo e o torne conscencioso. Santa ingenuidade, é como pedir ao ladrão que nos rouba: “Sr. ladrão lembre-se que o que o Sr. aí leva é o meu dinheiro, use-o muito bem !”, não creio que o faça.
O pior é que essa argumentação não nos serve para nada, serve os governos, no seu propósito de o gastar a seu bel-prazer. Podem sempre invocar que sim que é muito importante fazer qualquer coisa que me é necessária mas tenho de compreender que esse dinheiro é de todos os portugueses, que há outras prioridades, enfim, que nunca é para o que eu preciso.
Ainda ontem, no “Prós e Contras”, Judite de Sousa cometeu esse erro, lembrar aos pescadores que a justa ajuda que eles reivindicam é paga com o “nosso” dinheiro. È claro que o Secretário de Estado abriu um sorriso de orelha a orelha, nesse momento o problema deixou de ser dele e passou a ser de todos os portugueses, safa !
Argumentos desses só têm uma resposta possível:
Ah O dinheiro é seu D. Judite ? então faça a Sra. o favor de resolver o meu problema.
2008-06-03
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário