Alberto João Jardim, Presidente do Governo Regional da Madeira há cerca de 25 anos, é das figuras mais odiadas pelo cidadão comum de Portugal.
Quanto a mim, tenho que confessar previamente que o homem também me irrita bastas vezes.
Penso porém que para mim, como, julgo, para a generalidade das pessoas, essa irritação tem a atenuante de despertar aquele prazer maldizente, tão português, que torna este ódio num ódio prazeroso, como tantos.
Todavia não posso deixar de reconhecer que não é pelo “circo” mediático que se pode julgar uma pessoa, revela-nos algo da sua personalidade, é certo, mas nada mais.
Há palhaços geniais mas também outros banais, tantos outros.
É pelos frutos que se conhece a árvore, dizia um velho mestre, e é pelos frutos que eu o vou julgar agora, pela sua obra, na sua forma e no seu conteúdo.
O seu estilo desbocado, desabrido e prepotente, cheio de humor corrosivo, ao gosto popular, que reproduz, em voz alta, por vezes muito alta, aquele tipo de análise superficial e venenosa que qualquer português pode fazer e aprecia ouvir quando é feito numa mesa social, entre um grupo de amigos, embalado pela conversa e por várias cervejas, é uma fonte inesgotável de risota e de galhofa.
No seu “reino” comete, com toque de trombetas, os mesmos abusos e arbitrariedades, que os outros fazem às escondidas e depois dizem que não fizeram, mas fá-lo porque se pode escudar na segurança do seu “quero, posso e mando” e na sua certeza de que “daqui ninguém me tira”.
E tem razão, dali ninguém o tira, ainda que a vontade não falte a muitos.
Para os madeirenses mais esclarecidos Alberto João é como uma tia velha e senil que podemos ter lá em casa, que nos embaraça e envergonha quando temos visitas, que para o outros apresentamos como um “fardo” que temos de suportar, mas que só nós sabemos o jeito que nos dá e os serviços que nos presta, a fazer camas, lavar loiça e na limpeza doméstica.
Para os madeirenses menos esclarecidos Alberto João é um compincha que partilha connosco as noites de farra e de alegria simples e que está sempre pronto a ouvir-nos e que para quem o sim é sim e o não é não.
Para uns e para outros, na solidão escondida da urna, não há qualquer hesitação, o voto vai para ele.
De facto, dali ninguém o tira !
E é isso que faz confusão a muita gente, será que os madeirenses são todos tontos ?
A verdade é que Alberto João tem uma filosofia de governo, que mais ninguém tem e que faz muita falta, a de usar o governo para resolver os problemas reais das pessoas.
E ataca todos os problemas, dos mais simples aos mais complexos, das vias rápidas que furam as montanhas, à luz eléctrica no alto do Serra, que custou milhões, e serve apenas um casal de velhos que aí vive isolado mas que são também cidadãos e pagam os mesmos impostos que nós.
Se é necessário e útil, o seu princípio é: faça-se, ainda que para isso tenha que atropelar a lógica económica, os pareceres técnicos ou tecnocráticos e os interessezinhos instalados e abalados.
Também comete erros e faz disparates, como toda a gente, mas segue em frente e o saldo é largamente positivo para quem vive na Madeira.
Alberto João é sem dúvida populista, apela aos instintos primários do povo, só que não o é só em palavras, apelos e festas, é em actos também, Alberto João não só fala como também faz.
E nós precisamos tanto de quem faça o necessário.
Como de pão para boca !
2007-02-23
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