Como definir esta velha noção política partidária ?
Paulo Portas, líder de direita, conservadora, apela para a reforma da constituição: Queremos uma constituição do século XXI, diz !
Jorge Sampaio, líder da esquerda “revolucionária” defende a conservação da lei “fundamental”: Temos que acabar com o frenesim para alterar a constituição !
O que pensar quando são os conservadores que querem a mudança e os reformistas que defendem o estado das coisas.
2003-11-30
2003-11-28
Números 3
Luis Delgado veio à liça, como lhe é habitual para mostrar que o branco é, de facto, negro e, talvez, vice versa.
A OCDE prevê, voltamos a dizer, prevê, o decréscimo de 0,8% do pib português em 2003.
Anteriormente, este e outros videntes tinham previsto, voltamos a dizer, previsto, um decréscimo maior, 1%, ou mesmo1,75% .
Insurge-se assim Delgado quanto aos títulos de jornais que relatam exactamente o que se passa, que a OCDE prevê um decréscimo 0,8% do nosso PIB.
Decréscimo ? diz ele escandalizado, não melhorou muito a situação quanto às anteriores previsões ?
E assim se constrói uma nova forma de manipular números: comparar previsões com previsões.
Como as previsões, na ausência de fundamentação, podem dizer o que se queira, prevendo sucessivamente o pior promove-se o pessimismo, prevendo sucessivamente o melhor, promove-se o optimismo.
Num caso ou noutro estas previsões têm o mesmo valor: Zero.
Não quero com isto dizer que as previsões não possam ter valor, mas apenas que se elas são bem feitas, trazem consigo os respectivos pressupostos e fundamentação, mas disto, que é essencial, nunca nos falam os jornais.
A OCDE prevê, voltamos a dizer, prevê, o decréscimo de 0,8% do pib português em 2003.
Anteriormente, este e outros videntes tinham previsto, voltamos a dizer, previsto, um decréscimo maior, 1%, ou mesmo1,75% .
Insurge-se assim Delgado quanto aos títulos de jornais que relatam exactamente o que se passa, que a OCDE prevê um decréscimo 0,8% do nosso PIB.
Decréscimo ? diz ele escandalizado, não melhorou muito a situação quanto às anteriores previsões ?
E assim se constrói uma nova forma de manipular números: comparar previsões com previsões.
Como as previsões, na ausência de fundamentação, podem dizer o que se queira, prevendo sucessivamente o pior promove-se o pessimismo, prevendo sucessivamente o melhor, promove-se o optimismo.
Num caso ou noutro estas previsões têm o mesmo valor: Zero.
Não quero com isto dizer que as previsões não possam ter valor, mas apenas que se elas são bem feitas, trazem consigo os respectivos pressupostos e fundamentação, mas disto, que é essencial, nunca nos falam os jornais.
2003-11-27
Ontem como hoje
Ora Porra!
Então a imprensa portuguesa
é que é a imprensa portuguesa?
Então é esta merda que temos
que beber com os olhos?
Filhos da puta! Não, que nem
há puta que os parisse.
Álvaro de Campos
Então a imprensa portuguesa
é que é a imprensa portuguesa?
Então é esta merda que temos
que beber com os olhos?
Filhos da puta! Não, que nem
há puta que os parisse.
Álvaro de Campos
2003-11-26
2003-11-25
Não sei se já repararam
O Big brother (o de Orwell, não o da TVI) já deu ordem para aumentarmos o nosso optimismo.
Os sinais estão por aí: O infame apoio nacional à política económica da França e Alemanha, independentemente de convicções e políticas, é apoiado, com naturalidade, pelo Bloco de Esquerda; o tímido reflorescimento do mercado de capitais; as sucessívas profecias de luz à frente do túnel, muitos outros imdicadores estão aí por todo o lado.
É um processo lento e progressivo mas, embora tudo esteja, mais ou menos, na mesma, lentamente, as coisas vão-nos parecer melhores.
Para quem não se apercebeu ainda, espere 6 meses e fale comigo.
Antes assim ! Poderemos continuar a viver, tal como até aqui, mas mais alegremente.
Os sinais estão por aí: O infame apoio nacional à política económica da França e Alemanha, independentemente de convicções e políticas, é apoiado, com naturalidade, pelo Bloco de Esquerda; o tímido reflorescimento do mercado de capitais; as sucessívas profecias de luz à frente do túnel, muitos outros imdicadores estão aí por todo o lado.
É um processo lento e progressivo mas, embora tudo esteja, mais ou menos, na mesma, lentamente, as coisas vão-nos parecer melhores.
Para quem não se apercebeu ainda, espere 6 meses e fale comigo.
Antes assim ! Poderemos continuar a viver, tal como até aqui, mas mais alegremente.
2003-11-24
O atentado
Aguarda-se insistentemente um novo ataque terrorista de grande impacto.
O local e o modo são motivos de especulação.
Depois de me debruçar sobre o assunto ocorreu-me uma forma de ataque utilizável para a qual, julgo, a CIA não está devidamente preparada:
Consiste no seguinte: em dia e hora determinados, na cidade de Nova Yorque, em lugar de grande concentração de público, uns tantos terroristas, estrategicamente colocados entre a multidão, acenderem simultaneamente cigarros, prejudicando gravemente a saúde dos que os rodeiam.
Considerando a informação que nos chega em doses avassaladoras nos maços de tabaco, apenas estranho como ainda ninguém se lembrou disso; seria um ataque devastador e simples de praticar.
A hora, o local e o número de terroristas necessário, que antevejo, não os divulgo aqui, por razões de segurança.
O local e o modo são motivos de especulação.
Depois de me debruçar sobre o assunto ocorreu-me uma forma de ataque utilizável para a qual, julgo, a CIA não está devidamente preparada:
Consiste no seguinte: em dia e hora determinados, na cidade de Nova Yorque, em lugar de grande concentração de público, uns tantos terroristas, estrategicamente colocados entre a multidão, acenderem simultaneamente cigarros, prejudicando gravemente a saúde dos que os rodeiam.
Considerando a informação que nos chega em doses avassaladoras nos maços de tabaco, apenas estranho como ainda ninguém se lembrou disso; seria um ataque devastador e simples de praticar.
A hora, o local e o número de terroristas necessário, que antevejo, não os divulgo aqui, por razões de segurança.
2003-11-20
COLAGEM
Retive do que vi e ouvi hoje algumas pequenas notícias e informações:
1. Desemprego aumenta, em Portugal: Em Outubro de 2003 surgiram mais 22% de desempregados do que em Outubro de 2002 (TSF noticiário das 18h).
Vila Verde Cabral comenta: Ainda vai ser pior, quando o governo, ele próprio, está determinado em destruir o aparelho do Estado.
2. Aumenta a mendicidade infantil nas ruas de Lisboa (RTP 1 Jornal da noite).
Uma deputada do PP comenta: É necessário arranjar formas de pôr estas crianças em creches e jardins de infância, como é seu direito.
Pobres decisores atentos, dirão uns e outros:
- Pois é pá, temos de reforçar os serviços públicos, contrata-se uma série de gente, diminui-se o desemprego.
- Tás maluco pá, então e a despesa pública e o défice?
- Tens razão pá, mas se aumenta o desemprego é natural que aumente a mendicidade infantil o que é uma grande chatice e um grande incómodo, temos que arranjar uma solução para esses miúdos: Já sei, criamos uma espécie de Casa Pia.
- Estás maluco pá, safa !
- Olha o melhor é deixarmos andar tudo como está, com sorte aguentamos até 2006.
E assim vai o mundo.
1. Desemprego aumenta, em Portugal: Em Outubro de 2003 surgiram mais 22% de desempregados do que em Outubro de 2002 (TSF noticiário das 18h).
Vila Verde Cabral comenta: Ainda vai ser pior, quando o governo, ele próprio, está determinado em destruir o aparelho do Estado.
2. Aumenta a mendicidade infantil nas ruas de Lisboa (RTP 1 Jornal da noite).
Uma deputada do PP comenta: É necessário arranjar formas de pôr estas crianças em creches e jardins de infância, como é seu direito.
Pobres decisores atentos, dirão uns e outros:
- Pois é pá, temos de reforçar os serviços públicos, contrata-se uma série de gente, diminui-se o desemprego.
- Tás maluco pá, então e a despesa pública e o défice?
- Tens razão pá, mas se aumenta o desemprego é natural que aumente a mendicidade infantil o que é uma grande chatice e um grande incómodo, temos que arranjar uma solução para esses miúdos: Já sei, criamos uma espécie de Casa Pia.
- Estás maluco pá, safa !
- Olha o melhor é deixarmos andar tudo como está, com sorte aguentamos até 2006.
E assim vai o mundo.
2003-11-19
Walkeman
Sento-me no banco do combóio, coloco os auriculares, acciono o comando e Zás, salto para outro mundo.
Os companheiros de viagem transformam-se subitamente numa espécie de autómatos, alheios a tudo o que se passa.
Por vezes noto o olhar atento de um deles, que, por momentos, parece partilhar a minha música. Na realidade, deve apenas estranhar os meus ligeiros movimentos da perna, ou dos músculos da face, ao compasso da música, para ele silenciosa.
É assim, por vezes, a comunicação que estabelecemos diariamente: Como nos podemos entender se só um de nós ouve a música ?
Os companheiros de viagem transformam-se subitamente numa espécie de autómatos, alheios a tudo o que se passa.
Por vezes noto o olhar atento de um deles, que, por momentos, parece partilhar a minha música. Na realidade, deve apenas estranhar os meus ligeiros movimentos da perna, ou dos músculos da face, ao compasso da música, para ele silenciosa.
É assim, por vezes, a comunicação que estabelecemos diariamente: Como nos podemos entender se só um de nós ouve a música ?
2003-11-16
Cultura
Passei há momentos pela SIC notícias onde Bárbara Guimarães entrevistava o autor de uma “História Constitucional do Brasil”.
Pergunta importantíssima de Bárbara, “Há quanto tempo começou a escrever este livro ?”
O Autor hesita, enquanto Bárbara comenta com respeito: são cerca de 1000 páginas !
Bárbara Guimarães que ganhou o estatuto de vedeta cultural em tempo record, certamente por absorção osmótica do seu companheiro Carrilho, teve que reconhecer a importância cultural do seu entrevistado:
1000 páginas em cerca de 2 meses é, de facto, uma obra notável, temos todos que correr a comprar a “História Constitucional do Brasil
Pergunta importantíssima de Bárbara, “Há quanto tempo começou a escrever este livro ?”
O Autor hesita, enquanto Bárbara comenta com respeito: são cerca de 1000 páginas !
Bárbara Guimarães que ganhou o estatuto de vedeta cultural em tempo record, certamente por absorção osmótica do seu companheiro Carrilho, teve que reconhecer a importância cultural do seu entrevistado:
1000 páginas em cerca de 2 meses é, de facto, uma obra notável, temos todos que correr a comprar a “História Constitucional do Brasil
A Europa
Maria João Ruela regressa a Portugal.
Os bandidos que a balearam, simpáticos, devolveram-lhe a sua bolsa através de Raleiras.
A simpatia dos bandidos já era esperada, eu já tinha descansado um pouco quanto à segurança de Raleiras no seu sequestro, quando ouvi MJ Ruela dizer que logo que saiu da viatura baleada um assaltante armado lhe disse: “sorry”.
O significativo desta devolução, é que os bandidos apenas lhe roubaram os dollars, os Euros foram restituídos.
Tamanha humilhação no nosso orgulho Europeu já eu a tinha sentido em S. Luis do Maranhão, onde os meus Euros foram desprezados por todos os bancos, incluindo a representação do Banco do Brasil naquela cidade.
O que se passa com a Europa e a sua fortíssima moeda ?
É certo que o capital não tem pátria, mas em situações como esta parece que tem.
Os bandidos que a balearam, simpáticos, devolveram-lhe a sua bolsa através de Raleiras.
A simpatia dos bandidos já era esperada, eu já tinha descansado um pouco quanto à segurança de Raleiras no seu sequestro, quando ouvi MJ Ruela dizer que logo que saiu da viatura baleada um assaltante armado lhe disse: “sorry”.
O significativo desta devolução, é que os bandidos apenas lhe roubaram os dollars, os Euros foram restituídos.
Tamanha humilhação no nosso orgulho Europeu já eu a tinha sentido em S. Luis do Maranhão, onde os meus Euros foram desprezados por todos os bancos, incluindo a representação do Banco do Brasil naquela cidade.
O que se passa com a Europa e a sua fortíssima moeda ?
É certo que o capital não tem pátria, mas em situações como esta parece que tem.
2003-11-14
IRAQUE
Hoje é o dia do Iraque.
GNR, Jornalistas, feridos, sequestros, bandidos, Sadam, resistentes, coligação, Italianos, Ingleses, Americanos, Portugueses, TSF, SIC, TVI, RTP, JN.
É tudo muito confuso e absurdo.
Só uma coisa me vem à cabeça, só uma mesma emoção se desperta em mim: Aquela mesma que me é sugerida pela magnifica cena do “Dear Hunter” onde Robert de Niro assiste impotente à corrida para a morte, do seu amigo, num antro obscuro de roleta russa.
GNR, Jornalistas, feridos, sequestros, bandidos, Sadam, resistentes, coligação, Italianos, Ingleses, Americanos, Portugueses, TSF, SIC, TVI, RTP, JN.
É tudo muito confuso e absurdo.
Só uma coisa me vem à cabeça, só uma mesma emoção se desperta em mim: Aquela mesma que me é sugerida pela magnifica cena do “Dear Hunter” onde Robert de Niro assiste impotente à corrida para a morte, do seu amigo, num antro obscuro de roleta russa.
2003-11-13
2 questões
Há dias que não actualizava o blog.
Por falta de ideias ? não, muito melhor, simplesmente por ter passado vários dias longe de computadores e da net, belos dias por sinal.
Para retomar estas crónicas numa onda aparentemente soft vou colocar apenas duas pequenas questões para reflexão:
1. A democracia fundamenta-se na maioria, como afirma o projecto de constituição europeia ou será antes no povo ?
2. Os Juizes existem para vigiar o cumprimento da lei, como diz o Meritíssimo Rui Teixeira e quase todos os outros, ou será para procurar fazer justiça ?
São questões simples mas penso que muito pertinentes.
Por falta de ideias ? não, muito melhor, simplesmente por ter passado vários dias longe de computadores e da net, belos dias por sinal.
Para retomar estas crónicas numa onda aparentemente soft vou colocar apenas duas pequenas questões para reflexão:
1. A democracia fundamenta-se na maioria, como afirma o projecto de constituição europeia ou será antes no povo ?
2. Os Juizes existem para vigiar o cumprimento da lei, como diz o Meritíssimo Rui Teixeira e quase todos os outros, ou será para procurar fazer justiça ?
São questões simples mas penso que muito pertinentes.
2003-11-07
Números-2
Há ainda outras formas de manipular números e estas tão ingénuas que chegamos a estranhar como conseguem ser eficientes. Mas são-no.
Se leram o 1984 de Orwell, recordar-se-ão que toda a acção decorre sob um pano de fundo de uma guerra, onde as notícias de vitórias e derrotas mudavam diariamente, ao ponto de uma derrota de ontem ser hoje uma vitória e poder tornar-se em derrota, de novo amanhã. Não estamos no mundo do 1984, mas nunca estivemos tão próximos e fenómenos desse tipo começam a passar-se apoiados no grande fluxo de informação que se vai sempre neutralizando com nova informação.
Há vários exemplos, falo agora, apenas, dos americanos mortos no Iraque. Se estiverem atentos verão que não há coerência e, após o mesmo facto, as notícias vão variando. Hoje por exemplo, na TSF houve 4 mortos num helicóptero e na SIC 6 no mesmo helicóptero.
O total de mortos pós guerra vai crescendo e decrescendo e ninguém sabe exactamente. Hoje ouvi centena e meia, na BBC, há alguns meses, falavam em mil e cem, incluindo estropiados. No New York Times li que a informação exacta era sempre muito difícil de obter junto das forças armadas americanas.
Estou a ver que sim.
Espero que, pelo menos, as infelizes famílias, vão recebendo correctamente os seus sacos pretos.
Se leram o 1984 de Orwell, recordar-se-ão que toda a acção decorre sob um pano de fundo de uma guerra, onde as notícias de vitórias e derrotas mudavam diariamente, ao ponto de uma derrota de ontem ser hoje uma vitória e poder tornar-se em derrota, de novo amanhã. Não estamos no mundo do 1984, mas nunca estivemos tão próximos e fenómenos desse tipo começam a passar-se apoiados no grande fluxo de informação que se vai sempre neutralizando com nova informação.
Há vários exemplos, falo agora, apenas, dos americanos mortos no Iraque. Se estiverem atentos verão que não há coerência e, após o mesmo facto, as notícias vão variando. Hoje por exemplo, na TSF houve 4 mortos num helicóptero e na SIC 6 no mesmo helicóptero.
O total de mortos pós guerra vai crescendo e decrescendo e ninguém sabe exactamente. Hoje ouvi centena e meia, na BBC, há alguns meses, falavam em mil e cem, incluindo estropiados. No New York Times li que a informação exacta era sempre muito difícil de obter junto das forças armadas americanas.
Estou a ver que sim.
Espero que, pelo menos, as infelizes famílias, vão recebendo correctamente os seus sacos pretos.
2003-11-05
Números
Não, não é o respectivo livro da Bíblia que quero reproduzir aqui.
Apenas uma reflexão sobre a utilização de números para fazer vingar uma ideia.
Exemplo 1.
Ontem vi o Primeiro Ministro, na Assembleia, arrasar a oposição com o custo das estradas sem portagem, bastou falar em milhões. Quantos já não sei, duvido que alguém que tenha ouvido, sem estar minimamente envolvido no assunto, se recorde do número, mais ou menos, exacto e é precisamente esse efeito que se pretende. Para nós, milhões exigem lápis e papel.
Nada melhor, para nos atrapalhar, do que falar em milhões; à nossa escala, milhões só tem um significado qualitativo: é muito.
Para explicar o que pretendo dizer atente-se neste exemplo:
Se se falar em 2 pacote de manteiga, todos sabemos o que é e que espaço ocupam num frigorífico. O mesmo se passará se falarmos em 20 ou 30 pacotes de manteiga; se porém eu disser um milhão de pacotes de manteiga gostava que imaginassem e sem recorrer a contas me dissessem: cabem num frigorífico ? suponho que não, e numa sala média ? já não sei, numa grande armazém, também não sei; nesta escala, estou disposto a acreditar, praticamente, em tudo o que me disserem ; Só sei uma coisa: é muita manteiga.
É assim que o argumento do Sr. Primeiro Ministro não me diz nada e, de qualquer forma, é sempre um pau de 2 bicos: Significa exactamente que é preciso que os utentes das SCUT paguem em portagens esses milhões e como são tantos parece-me que vão ficar todos na miséria, por várias gerações. Como disse o nosso Primeiro Ministro, são eles que irão permitir que haja algumas obras públicas em Portugal.
Exemplo 2
Se tiver um preço de 100 unidades e reduzir 70%, de cabeça digo que passará para 30, porém, se o preço for de 30 e aumentar 70%, não passará para 100 mas, também de cabeça, digo que andará pelos 50.
No entanto falamos sempre dos mesmos 70%.
Falar em percentagens é assim um tanto traiçoeiro, como se costuma dizer, e as manipulações psicológicas das percentagens são mais do que muitas, basta não dizer x% de quê, precisamente.
Exemplo 3
Um anúncio da PT diz que a diferença de preço do telefone fixo para o móvel é de 15 vezes, reparem, não fala em percentagens mas em valores absolutos, significa que se eu gasto 100 no fixo gastaria 1 500 no móvel e vice-versa.
Esta afirmação não sei desmontar, porque não me disseram como fizeram as contas, mas não corresponde nada ao que eu vejo nas minhas facturas, não condiz nada com a minha experiência, não acredito.
Apenas uma reflexão sobre a utilização de números para fazer vingar uma ideia.
Exemplo 1.
Ontem vi o Primeiro Ministro, na Assembleia, arrasar a oposição com o custo das estradas sem portagem, bastou falar em milhões. Quantos já não sei, duvido que alguém que tenha ouvido, sem estar minimamente envolvido no assunto, se recorde do número, mais ou menos, exacto e é precisamente esse efeito que se pretende. Para nós, milhões exigem lápis e papel.
Nada melhor, para nos atrapalhar, do que falar em milhões; à nossa escala, milhões só tem um significado qualitativo: é muito.
Para explicar o que pretendo dizer atente-se neste exemplo:
Se se falar em 2 pacote de manteiga, todos sabemos o que é e que espaço ocupam num frigorífico. O mesmo se passará se falarmos em 20 ou 30 pacotes de manteiga; se porém eu disser um milhão de pacotes de manteiga gostava que imaginassem e sem recorrer a contas me dissessem: cabem num frigorífico ? suponho que não, e numa sala média ? já não sei, numa grande armazém, também não sei; nesta escala, estou disposto a acreditar, praticamente, em tudo o que me disserem ; Só sei uma coisa: é muita manteiga.
É assim que o argumento do Sr. Primeiro Ministro não me diz nada e, de qualquer forma, é sempre um pau de 2 bicos: Significa exactamente que é preciso que os utentes das SCUT paguem em portagens esses milhões e como são tantos parece-me que vão ficar todos na miséria, por várias gerações. Como disse o nosso Primeiro Ministro, são eles que irão permitir que haja algumas obras públicas em Portugal.
Exemplo 2
Se tiver um preço de 100 unidades e reduzir 70%, de cabeça digo que passará para 30, porém, se o preço for de 30 e aumentar 70%, não passará para 100 mas, também de cabeça, digo que andará pelos 50.
No entanto falamos sempre dos mesmos 70%.
Falar em percentagens é assim um tanto traiçoeiro, como se costuma dizer, e as manipulações psicológicas das percentagens são mais do que muitas, basta não dizer x% de quê, precisamente.
Exemplo 3
Um anúncio da PT diz que a diferença de preço do telefone fixo para o móvel é de 15 vezes, reparem, não fala em percentagens mas em valores absolutos, significa que se eu gasto 100 no fixo gastaria 1 500 no móvel e vice-versa.
Esta afirmação não sei desmontar, porque não me disseram como fizeram as contas, mas não corresponde nada ao que eu vejo nas minhas facturas, não condiz nada com a minha experiência, não acredito.
2003-11-04
Saez
Quando falava ontem dos jovens, referia-me, evidentemente ao “jovem médio”, o que está nas estatísticas, o que interessa aos média, “jovem médio” no sentido de Chàteliet, no livro “Vivermos e pensarmos como porcos” de que já falei numa outra crónica e que, entretanto, já tive o prazer de ler.
Felizmente, há ainda muitos que se conservam, teimosamente, macacos-deuses.
Queria hoje falar dum deles: Damien Saez.
Pouca gente o conhece hoje em Portugal, os seus discos não estão cá à venda, ainda, no entanto é um músico fabuloso, juntando qualidades de excelente músico, intérprete magnífico e muito bom poeta.
As suas canções lembram imenso Brel, tem 26 anos apenas e publicou o seu primeiro disco com 23. Não tenho dúvidas que dentro de alguns anos toda gente conhecerá o seu nome.
Infelizmente não domino, ainda, a tecnologia para por ficheiros de som no blog e só poderei dar uma pálida imagem do seu valor transcrevendo um texto de uma das suas canções, escolhi este mas poderiam se muitos outros::
Usé
Usé par les hommes
Par le bruit qui rend fou
Usé par la vie
Par les hurlements
Usé par le silence
Usé par le vent
Usé par l'oubli
On oublie pourtant
Qu'un jour on s'est aimé,
Qu'un jour on a vécu,
Que la vie est passée,
Que le passé n'est plus
Qu'un jour on s'est aimé
Que ce jour n'est plus
Qu'une postérité
Noyée dans l'inconnu
Usé par un monde
Qu'on ne comprends plus
Qu'on a jamais compris
Mais qu'il continue
A tourner encore
A tourner toujours plus
A faire tourner la tête
A nos âmes perdues
A nos cœurs qui appellent
Et hurlent au secours
Mais non y a plus de ciel
Et non, y a plus d'amour
Et plus que des troupeaux
Des vendus, des vautours
Des vendeurs de merveilles
Des joueurs de tambours
Usé par l'avenir
Usé par un meilleur
Qui ressemble au pire
Et oui, ça fait mal au cœur !
Usé par l'ironie
Qui tua ma jeunesse
Usé par la comédie
Usé par les promesses
Usé par la folie
Usé par le dégoût
Usé d'être incompris
De marcher à genou
Usé par l'usure
Usé par les regrets
D'avoir fui l'aventure
D'avoir fui la beauté
Te voilà qui revient
Te voilà toi mon frère
Qui me dit prends ma main
Marchons vers la lumière
Et le cœur plein d'espoir
Et le cœur infini
On oublie qu'il fait noir
Alors enfin on vit
Et loin de leur tambours
Et loin de l'inhumain
On redevient fou à chaque matin
Un jour on s'est aimé
Et ce jour c'est demain
Un jour d'humanité
Un jour de gloire
Un jour on s'est aimé
Et ce jour c'est demain
Un jour d'humanité
Un jour d'humain
Felizmente, há ainda muitos que se conservam, teimosamente, macacos-deuses.
Queria hoje falar dum deles: Damien Saez.
Pouca gente o conhece hoje em Portugal, os seus discos não estão cá à venda, ainda, no entanto é um músico fabuloso, juntando qualidades de excelente músico, intérprete magnífico e muito bom poeta.
As suas canções lembram imenso Brel, tem 26 anos apenas e publicou o seu primeiro disco com 23. Não tenho dúvidas que dentro de alguns anos toda gente conhecerá o seu nome.
Infelizmente não domino, ainda, a tecnologia para por ficheiros de som no blog e só poderei dar uma pálida imagem do seu valor transcrevendo um texto de uma das suas canções, escolhi este mas poderiam se muitos outros::
Usé
Usé par les hommes
Par le bruit qui rend fou
Usé par la vie
Par les hurlements
Usé par le silence
Usé par le vent
Usé par l'oubli
On oublie pourtant
Qu'un jour on s'est aimé,
Qu'un jour on a vécu,
Que la vie est passée,
Que le passé n'est plus
Qu'un jour on s'est aimé
Que ce jour n'est plus
Qu'une postérité
Noyée dans l'inconnu
Usé par un monde
Qu'on ne comprends plus
Qu'on a jamais compris
Mais qu'il continue
A tourner encore
A tourner toujours plus
A faire tourner la tête
A nos âmes perdues
A nos cœurs qui appellent
Et hurlent au secours
Mais non y a plus de ciel
Et non, y a plus d'amour
Et plus que des troupeaux
Des vendus, des vautours
Des vendeurs de merveilles
Des joueurs de tambours
Usé par l'avenir
Usé par un meilleur
Qui ressemble au pire
Et oui, ça fait mal au cœur !
Usé par l'ironie
Qui tua ma jeunesse
Usé par la comédie
Usé par les promesses
Usé par la folie
Usé par le dégoût
Usé d'être incompris
De marcher à genou
Usé par l'usure
Usé par les regrets
D'avoir fui l'aventure
D'avoir fui la beauté
Te voilà qui revient
Te voilà toi mon frère
Qui me dit prends ma main
Marchons vers la lumière
Et le cœur plein d'espoir
Et le cœur infini
On oublie qu'il fait noir
Alors enfin on vit
Et loin de leur tambours
Et loin de l'inhumain
On redevient fou à chaque matin
Un jour on s'est aimé
Et ce jour c'est demain
Un jour d'humanité
Un jour de gloire
Un jour on s'est aimé
Et ce jour c'est demain
Un jour d'humanité
Un jour d'humain
2003-11-03
Jovens
O processo de desumanização que nos ameaça faz-se sentir de forma acelerada entre a juventude.
É talvez natural que na fase de descoberta que se vive na juventude, se verifique a inserção quase automática, sem crítica, na sociedade do espectáculo ou na intrujice da civilização para a qual caminhamos apressadamente.
Será assim em todas as gerações, o que diferencia esta, pela própria natureza da sociedade global que se construi pela primeira vez na história é que a castração de humanidade que se verifica poderá vir a transformar esta juventude em adultos impotentes e apáticos.
Lamentavelmente, o inconformismo que também é apanágio dos jovens e que poderia conduzir a uma inserção mais atenta e independente, não parece resultar neste modelo de sociedade, onde alguma assimetria é também condição da sua manutenção e o radicalismo juvenil é incorporado no sistema, transformando uma suposta marginalização no alinhamento mais puro.
É assim que vemos a juventude, utilizando o argumento da afirmação da diferença, vestir verdadeiros uniformes, quase militares, de roupa de marca normalizada pelo mercado, típicos da respectiva tribo urbana, tornando difícil descortinar qualquer elemento da individualidade que pensam afirmar.
São mais que alinhado, são alinhadíssimos, previsíveis, fiéis intérpretes de modelos estereotipados; tornando-se mais clara a inserção no processo de homogeneização social que vivemos, constituído verdadeiros exércitos de replicantes.
Preocupante é já, neste processo de desumanização da juventude o abastardamento da expressão humana:
Os jovens já dificilmente conversam, o vocabulário reduz-se drasticamente a alguns substantivos, poucos adjectivos, e um mínimo de verbos.
Nos "chats" cibernéticos, onde são exímios, as própria palavras, já de si limitadas, são despidas de sílabas e de letras reduzindo-se a uma expressão minimamente significante, quando não são substituídas por rudimentos da língua internacional: o “broken English".
Qualquer forma de raciocínio abstracto torna-se inexprimível e, assistimos já ao horror de ver, com demasiada frequência, em publicidade dirigida à juventude, reduzir a expressão oral a grunhidos de besta, do tipo Reeereeereeereeeumreee ou ihaaahuuuu, ihaaaaahuuuuu, entrecortados com gritos lancinantes de dor ou de prazer.
Parece-me, sem dúvida, preocupante esta tendência e para que não estereotipem esta minha posição, enquadrando-a, apressadamente, no conflito geracional, amanhã falarei de franjas de resistência e de esperança de alguma juventude mais esclarecida.
Como diz o Poeta Alegre: "mesmo na noite mais escura do tempo de solidão; há sempre alguém que resiste; há sempre alguém que diz não.
É talvez natural que na fase de descoberta que se vive na juventude, se verifique a inserção quase automática, sem crítica, na sociedade do espectáculo ou na intrujice da civilização para a qual caminhamos apressadamente.
Será assim em todas as gerações, o que diferencia esta, pela própria natureza da sociedade global que se construi pela primeira vez na história é que a castração de humanidade que se verifica poderá vir a transformar esta juventude em adultos impotentes e apáticos.
Lamentavelmente, o inconformismo que também é apanágio dos jovens e que poderia conduzir a uma inserção mais atenta e independente, não parece resultar neste modelo de sociedade, onde alguma assimetria é também condição da sua manutenção e o radicalismo juvenil é incorporado no sistema, transformando uma suposta marginalização no alinhamento mais puro.
É assim que vemos a juventude, utilizando o argumento da afirmação da diferença, vestir verdadeiros uniformes, quase militares, de roupa de marca normalizada pelo mercado, típicos da respectiva tribo urbana, tornando difícil descortinar qualquer elemento da individualidade que pensam afirmar.
São mais que alinhado, são alinhadíssimos, previsíveis, fiéis intérpretes de modelos estereotipados; tornando-se mais clara a inserção no processo de homogeneização social que vivemos, constituído verdadeiros exércitos de replicantes.
Preocupante é já, neste processo de desumanização da juventude o abastardamento da expressão humana:
Os jovens já dificilmente conversam, o vocabulário reduz-se drasticamente a alguns substantivos, poucos adjectivos, e um mínimo de verbos.
Nos "chats" cibernéticos, onde são exímios, as própria palavras, já de si limitadas, são despidas de sílabas e de letras reduzindo-se a uma expressão minimamente significante, quando não são substituídas por rudimentos da língua internacional: o “broken English".
Qualquer forma de raciocínio abstracto torna-se inexprimível e, assistimos já ao horror de ver, com demasiada frequência, em publicidade dirigida à juventude, reduzir a expressão oral a grunhidos de besta, do tipo Reeereeereeereeeumreee ou ihaaahuuuu, ihaaaaahuuuuu, entrecortados com gritos lancinantes de dor ou de prazer.
Parece-me, sem dúvida, preocupante esta tendência e para que não estereotipem esta minha posição, enquadrando-a, apressadamente, no conflito geracional, amanhã falarei de franjas de resistência e de esperança de alguma juventude mais esclarecida.
Como diz o Poeta Alegre: "mesmo na noite mais escura do tempo de solidão; há sempre alguém que resiste; há sempre alguém que diz não.
Subscrever:
Mensagens (Atom)