2010-05-08

Aventura na Feira do Livro

Abriu a Feira do Livro de Lisboa, como sempre, é uma bela oportunidade para comprar livros um pouco mais baratos e ver tudo o que aparece.
Com as ligeiras limitações que a minha doença vai impondo, planeei percorrê-la em duas etapas.
O plano foi este, almocei no Botequim do Rei, mesmo em cima do Parque e da Feira, num “self-Service” relativamente económico e mergulhei nos livros já de barriga cheia, na ala oriental mesmo por baixo do restaurante.
Tinha um livro em mente: “A viúva Grávida” de Martin Amis, que saiu há dias, editado por uma qualquer Editora, tinha ouvido a notícia na TV.
O meu interesse por Martin Amis, nasceu de uma entrevista que passou na TV e que me interessou, numa pesquisa na internet que aumentou o meu interesse e na leitura do único livro de Amis até então traduzido em português e que é o “Money”, grande livro que recomendo a todos.
Mas a Feira tem os seus encantos, tem o lixo e as pérolas e o que nos guia na busca dos tesouros, são as referências que temos, nomes que ouvimos a quem confiamos ou que lemos em livros que gostamos ou que de qualquer modo nos despertam a atenção e a curiosidade. È um mundo privado de referências que vamos construindo ao longo da vida e também de preconceitos que nos fazem fugir a sete pés.
Logo há entrada deparei com uma dessas referências: Akim Bey, e a sua TAZ “Temporary Autonomous Zone” que já tinha lido, extraído da net, na língua original mas que agora via em português, editado pela frenesi, “Zona Autónoma Temporária” e apenas por 5 Euros. Comprei 2 exemplares, um para mim e outro, a ver vamos.
Depois, logo a seguir havia um espaço dos Açores onde perguntei, mais uma vez, em vão, pelas “Ilhas Encantadas” de Raúl Brandão.
Eu nunca li as “Ilhas Encantadas” de Raúl Brandão mas já li de Raúl Brandão o “Húmus”, “El-Rei Jounot” e “Sonhos”, o suficiente para perceber que é um dos maiores escritores da nossa língua, injustamente esquecido. È um prosador-poeta, estou certo de que não haverá melhor livro sobre o arquipélago Açoriano do que “As ilhas Encantadas”. Todavia nem nos Açores nem aqui o consigo encontrar. Porquê?
Como um miúdo numa loja de doces ou de brinquedos, continuei feliz a minha busca.
Mais adiante encontro o mais belo poema do século XX, a “Tabacaria” de Fernando Pessoa ou melhor, de Álvaro de Campos, com a versão original do poema e ainda as versões francesas, castelhana, italiana e inglesa.
Comprei esse livro.
Lembrei-me da história de António Tabuchi que mudou a sua vida e aprendeu português, apenas por ter lido a versão francesa da “Tabacaria”, “Bureau de Tabac”, a impressão que essa leitura lhe causou fê-lo querer sentir esse poema na língua original.
Quando estive em Belgrado conheci Remy, um Sérvio que falava de Fernando Pessoa, talvez lhe envie agora a versão inglesa, embora já a deva ter.
Já no fim dessa ala, estava o pavilhão dos pequenos editores e lá comprei mais um livro, referência militante, da editora Via Óptima, “A História de B” de Daniel Quinn, para oferecer, cumprindo uma promessa.
Chegando abaixo rodei para cima pela segunda ala oriental.
A feira este ano está mais rica em farturas, café e cerveja e pequenas esplanadas onde parei para uma pausa e um cigarro.
Numa banca da Alfaguara, foquei a atenção num romance Valter Hugo Mãe.
Quem é Valter Hugo Mãe? Para mim é uma referência breve de uma ou duas vezes em que o ouvi falar da sua obra, é um jovem escritor, da nova geração a quem tenho de dar o benefício da dúvida, além de que o título me atraía “A máquina de fazer espanhóis”.
Comprei-o para o ler um dia e promovê-lo na minha lista de rederências ou, eventualmente bani-lo de vez.
Cheguei finalmente ao topo da segunda ala oriental, metade da feira estava vista seria aí o suposto fim da primeira visita.
Porém sentia-me bem, a doença, ELA, parecia que me tinha abandonado transitoriamente, resolvi prosseguir para a primeira ala do lado Ocidental
Mas como o relato vai longo, depois contarei o resto

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