2009-12-07

Reflexão sobre o estado do mundo

A propósito da cimeira de Copenhaga

O mundo está em mau estado, é público e notório.
Ontem, a propósito desta cimeira de Copenhaga, assim como noutros dias, vi e ouvi coisas aterradoras.
Na RTP2 vi excertos de um programa com depoimentos de gente ilustre da ciência e da política e que nos dizia como estamos a perturbar o nosso Planeta Terra ao ponto de comprometermos a nossa sobrevivência como espécie.
Lembravam-nos de como é a nossa vida: logo de manhã, em bichas no carro, deitando toneladas de CO2 para a atmosfera, comendo e consumido plástico, muitos trabalhando para produzir ainda mais CO2, enfim as rotinas modernas numa sociedade mercantilista como é a nossa.
Aí questionei-me.
É bem verdade, seria bem melhor para o mundo que estivéssemos todos na praia ou no campo, jogando à bola, brincando com as crianças, respirando ar puro e não poluindo a atmosfera e creio até que a larga maioria dos meus companheiros de espécie, aceitaria fazê-lo de boa vontade.
Porque o não faz? Porque insiste em sobreviver nas bichas de trânsito, nos horários, no trabalho na fábrica poluidora?
A resposta parece-me ser: Para sobreviver, porque é a única alternativa que lhe é dada.
Será que Copenhaga irá decretar uma nova estratégia salvadora?
Infelizmente, tenho a certeza, que não.
Porque nós vamos nos nossos automóveis em bichas e penosamente, em enormes passadas ecológicas, não porque queremos mas apenas porque nos obrigam a isso, a lógica da vida obriga-nos a isso, não há Governo nem cimeira de Governos que possa alterar essa vivência e esse é o drama que enfrenta o mundo, é escusado deitarem-nos a culpas que, de facto não temos, nós somos vítimas mesmo quando poluímos à força, somos mesmo as grandes vítimas.
Aliás, Copenhaga não consegue ver mais longe do que esta lógica única, a receita que procura é ela mesmo mercantilista é preciso ganhar dinheiro estragando o mundo, para poder pagar o direito de o estragar ainda mais.
Alguém entende esta lógica?
O que é estranho é que muita gente a entende.
Mesmo quando alguns falam numa nova economia, não sabem exactamente do que estão a falar, imaginam apenas uma economia ideal onde há emprego para todos, e dinheiro para o trabalho e o lazer, e o acesso ao espectáculo e à tecnologia, a tal nova economia!
Pensam que o caminho para ela é o reformista, de melhoria em melhoria, não se dando conta que a experiência e a história não nos indica isto.
Não somos homens e mulheres mais felizes do que os nossos antepassados de há 10 000 anos, temos apenas mais tecnologia e, provavelmente não a tecnologia que nos faz mais falta, até porque a deitamos fora a uma velocidade vertiginosa e, em contrapartida muito mais marginalidade, muito mais gente fora do sistema, muito Maios gente sem voz nem saída.

A título anedótico refiro apenas que depois destas reportagens vi Pacheco Pereira queixar-se de que duas publicações de referência traziam exactanente as mesmas capas.
Porquê? Porque eram capas de publicidade paga.
Pacheco Pereira deitava as culpas para esses jornais vendidos ao capital, só não explicava como é que eles se podiam livrar dessa publicidade paga e ainda assim sobreviver e pagar as suas crónicas, entre outras despesas.
Que se arranjem, ora essa!

1 comentário:

Anónimo disse...

bom post.

a única coisa em que discordo, é a parte da cimeira de Copenhaga. Tá tudo na confiança do mercado do transporte pós-carro. A mobilidade.

Beijinhos,
as melhoras
Adriano