2004-07-18

Ninguém viu

A dança dos nomes dos ministérios atraíram algum interesse da comunicação social.
O espanto de Paulo Portas por saber, no exacto momento da posse, que era ministro não só da defesa mas também dos assuntos do mar, foi amplamente comentado. Quem discutia se era a baleia ou o tubarão branco o rei dos mares desiluda-se, agora o rei dos mares, que vela por todos os assuntos, é Paulo Portas e, diga-se de passagem, eu acho que é claríssimo que Paulo Portas é bem mais capaz para tratar desses assuntos do que qualquer tubarão pretensioso, foi uma decisão muito acertada de Santana Lopes.
Pacheco Pereira, na Quadratura do Circulo, disse que só uma mudança de nome de um ministério provoca custos desnecessários e uma enorme perturbação na máquina da administração: Está completamente enganado, são essas alterações orgânicas dos ministérios que justificam a máquina pesada da função pública, que se rebola de prazer, por ter qualquer coisa “importante” para se entreter.
Exercer finalmente os seus poderzinhos, rejeitar uma informação, laboriosamente construída, porque no cabeçalho não consta a família e a criança na Segurança Social, como é possível estar-se tão distraído ?
São estas mudanças que alimentam e deleitam “O Castelo”, preenchem enormes tempos de lazer, alimentam anedotas privadas, facilitam lutas contra a hierarquia, permitem remoques sobre a competência ou incompetência dos colegas.
Venham assim estas alterações que transforma uma penosa marcha para a frente numa interessante e divertida ginástica aeróbica ao som da música.
Essas mudanças, todavia, também têm outra função, dão sinais claros sobre a forma como se encara o país e as suas prioridades e é neste domínio que interpreto uma mudança de nome que não perturbou ninguém: a do Ministério da Agricultua Desenvolvimento Rural e Pescas que passa a Ministério da Agricultura, Pescas e Florestas.
O desenvolvimento rural, segundo pilar da PAC, de importância crescente na Europa, termina a sua lenta agonia em Portugal, já nem no nome fica, é a estocada final, caso não venha a UE trazer algum balão de oxigénio.     

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