2010-08-10

Ser único

Um dos valores que a sociedade global valoriza e procura é precisamente aquela que parece tornar-se escassa: a qualidade da diferença, da unicidade.
Por isso se festejam os campeões, os primeiros a fazer algo, os que se inscrevem no “Guiness Book of Records”.
Todavia e felizmente ainda é essa unicidade que caracteriza cada um de nós.
Todos os dias somos únicos e primeiros a fazer alguma coisa.
Cada dia vejo e oiço coisas que só eu vejo e oiço, e que mais ninguém vê e ouve. Cada dia tenho pensamentos únicos, só meus, e que a mais ninguém são sugeridos. Cada dia sou um campeão de mim mesmo.
Só me falta o espectáculo global e o reconhecimento público, é verdade.
Mas. para mim, é precisamente isso que me torna mais único e diferente.
Esta reflexão foi-me sugerida pela notícia de alguém do mundo global (não retive o nome, no mundo global todas as proezas também são efémeras) que desceu a pé o rio amazonas da Venezuela até à foz, no Brasil. Na notícia diziam que foi sempre acompanhado e muito ajudado por um guia local e que sem ele, o tal guia, a proeza não seria conseguida.
Todavia, esse guia que possivelmente já fez essa proeza várias vezes e que provavelmente ganha a vida acompanhando cidadãos do mundo global nessas viagens, não teve o nome inscrito nesta história e apenas se viu o seu rosto, por detrás da imagem do “herói” global na entrevista final da sua apoteose.

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