2004-12-04

Um vector não é uma seta

Dizia-nos solenemente o velho Professor nas longínquas aulas de cálculo vectorial.
- As setas são apenas representações gráficas de um vector e não o vector, ele mesmo.
Esta insólita afirmação solene do óbvio, parecia-me, no momento, descabida.
Com o tempo e a experiência, porém, o reconhecimento da importância da precisão da conceitos, de não confundir alhos com bugalhos, começou a assumir em mim a dimensão de uma cruzada necessária.
Assistimos diariamente, a todos os níveis, a inflamados debates de surdos e não admira que se não consigam consensos quando as premissas originais são tão diversas.
Vem isto a propósito da actual situação, onde ouço constantemente debater a “destituição do Governo” decidida por Sampaio, extraindo-se consequências e atribuindo-se as intenções mais diversas.
Como o meu velho professor eu tenho que dizer:
- Não obstante o Governo ir, a curto prazo, sair, a realidade é que Sampaio não decidiu a sua destituição.
O que está em discussão é apenas e só a dissolução da Assembleia da República, a concretizar nos termos constitucionais e, naturalmente, as respectivas consequências.

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