2003-12-08

As Audiências

Nos anos 60 como agora:
“Sempre que um dono e senhor da Massicultura é censurado pela baixa qualidade da sua produção, responde automaticamente: “Mas é o que o público quer ! Que posso eu fazer ?” Trata-se, à primeira vista, de uma defesa simples e conclusiva. Mas, vendo bem, ela revela que: 1) na medida em que o público “o quer”, o próprio público fica dentro de certos limites pelo menos, condicionado pela referida produção, e 2) os esforços do dono e senhor da Massicultura tomaram essa direcção porque a) também ele o quer (não se deve nunca subestimar a ignorância e a vulgaridade de editores, produtores cinematográficos, dirigentes de rádio e televisão e outros arquitectos da Massicultura) e b) a tecnologia da produção de “divertimentos” de massa (e também neste caso as citações são prudentes) impõem um esquema simplista, repetidor, de modo a que seja mais fácil dizer que é o público a querê-lo do que dizer a verdade, isto é, que o público o vê oferecer-se-lhe e, por isso, o quer.
A Lebre Marçalina explica a Alice que: “Agrada-me aquilo que tenho” não é a mesma coisa que “tenho aquilo que me agrada”, mas a Lebre Marçalina nunca mais foi bem vista na Madison Avenue.”
Dwigth MacDonald - Masscult & Midcult

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